Ele disse: “Adeus”. Com uma frieza inexplicável de alguém
que não deseja mais nada. Ela queria acreditar que aquilo fosse invenção e que
ele mentia para si mesmo.
Mas ele não ousou desmentir. Com olhos secos e focados,
permaneceu em sua decisão, andou em direção à saída e se foi sem olhar pra
trás.
Por um tempo que pareciam longas horas ela permaneceu ali,
parada, intacta, sem poder acreditar. Como viveria sem por alguns momentos
voltar até aquelas lembranças? Ela sabia que precisava seguir, mas algo lhe
prendia, talvez fosse o fato de nunca ter respondido aquele adeus.
Sentia-se tola, culpada, tensa e até estranha. Ela jamais
saberia o que dizer e a confusão de sentimentos a deixava atônita. Como se
alguém a tivesse pausado com um controle remoto que ela não podia alcançar.
A verdade é que ela não queria remoer mais aquelas
lembranças, ela não desejava permanecer ali, mas cada caminho que trilhava
tornava aquele tempo mais vivo. E então ela se conformou, não havia nada que
pudesse ser feito, precisava aceitar a realidade.
E aquele dia sem cor marcou a dor de um coração que sentiu a
perda pela primeira vez. Um coração paralisado que bateria apenas o compasso
natural de alguém que nunca desejou amar.
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