Todas as lágrimas derramadas até
aquele momento o fizeram pensar, talvez tivessem regado cada semente plantada
ao longo do caminho sem perceber.
As pessoas sempre disseram que
ele deveria ser forte, mas toda sua “fortaleza” se perdia em meio ao
travesseiro que o acolhia todas as noites. As fortes armaduras que ele
carregava em seu exterior não podiam proteger cada cômodo do seu coração, as
emoções estavam lá desesperadas para aflorar.
Um dia ele parou, sentou em sua
cama, fitou o olhar ao longe e quis conversar consigo mesmo. Percebeu o quanto
se dispusera a entender as pessoas, mas nunca havia parado para dizer a si
mesmo quem ele era. Mas agora ele podia enxergar como que em um espelho, tudo
que havia no coração, no olhar, na mente e nos cantos mais escuros de seu
interior.
Ninguém o enxergava assim, talvez
fosse pela disposição de se mostrar forte, não importa o que acontecesse. Ou a
indisposição de reconhecer que precisava desesperadamente de ajuda. Ele se
sentia como uma semente que não germinou, uma árvore que não deu frutos, um
fruto que não vingou. Ele se perguntava quem enxergaria além de todas aquelas
máscaras que ele criou, quem desejaria ir mais fundo.
Não encontrou respostas pra
maioria de suas perguntas, mas encontrou pérolas escondidas em lugares que
nunca mostrou. Encontrou o seu maior valor na beleza de seu interior. Desejou mostrar,
desejou mudar, mas entendeu que toda mudança é um processo e hoje ele apenas
deseja viver a maravilha dos passos desse caminho.